sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Ciúme

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Tipificando insegurança psicológica e desconfiança sistemática, a presença do ciúme na alma transforma-se em algoz implacável do ser. O paciente que lhe tomba nas malhas estertora em suspeitas e verdades, que nunca encontram apoio nem reconforto.
Atormentado pelo ego dominador, o paciente, quando não consegue asfixiar aquele a quem estima ou ama, dominando-lhe a conduta e o pensamento, foge para o ciúme, em cujo campo se homizia a fim de entregar-se aos sofrimentos masoquistas que lhe ocultam a imaturidade, a preguiça mental e o desejo de impor-se à vitima da sua psicopatologia.
No aturdimento do ciúme, o ego vê o que lhe agrada e se envolve apenas com aquilo em que acredita, ficando surdo à razão, à verdade.
O ciúme atenaza quem o experimenta e aquele que se lhe torna alvo preferencial.
O ciumento, inseguro dos próprios valores, descarrega a fúria do estágio primitivista em manifestações ridículas, quão perturbadoras, em que se consome. Ateia incêndios em ocorrências imaginárias, com a mente exacerbada pela suspeita infeliz, e envenena-se com os vapores da revolta em que se rebolca, insanamente.
Desviando-se das pessoas e ampliando o círculo de prevalência, o ciúme envolve objetos e posições, posses e valores que assumem uma importância alucinada, isolando o paciente nos sítios da angústia ou armando-o com instrumentos de agressão contra todos e tudo.
O ciúme tende a levar sua vítima à loucura.
O ego enciumado fixa o móvel da existência no desejo exorbitante e circunscreve-se à paixão dominadora, destruindo as resistências morais e emocionais, que terminam por ceder-lhe as forças, deixando de reagir.
Armadilha do ego presunçoso, ele merece o extermínio através da conquista de valores expressivos, que demonstrem ao próprio indivíduo as suas possibilidades de ser feliz.
Somente o self pode conseguir essa façanha, arrebentando as algemas a que se encontra agrilhoado, para assomar, rico de realizações interiores, superando a estreiteza e os limites egóicos, expandindo-se e preenchendo os espaços emocionais, as aspirações espirituais, vencidos pelos gases venenosos do ciúme.
Liberando-se da compressão do ciúme, a pouco e pouco, o eu profundo respira, alcança as praias largas da existência e desfruta de paz com alguém ou não, com algo ou nada, porém com harmonia, com amor, com a vida.
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Joanna de Ângelis

2 comentários:

Anne disse...

Aff...pois éh.
Eu, uma ex ciumenta sei bem que tudo o que li é verdade...o ciume além de tudo é o consumo exagerado da registência tanto de quem o produz, qto para quem é consumido.
Graças a Deus a paz interior chegou.... porem isso so foi possivel com muita paciência, muita persistência e amor.
Eu jamais me permitiria perder a pessoa que amo pra mim mesma....foi isso q me fez abrir os olhos...e voltar a viver.
é possivel...basta querer
Bju gde
Anne
www.pecadoenaoamar.blogspot.com

Carioca disse...

O ciúme, fruto da imaginação, de suposições, realmente é uma armadilha. Leva mesmo à loucura.
Desse tb me libertei, eu era bem ciumenta mas aprendi que confiança é tudo numa relação à distância.

Agora não podemos esquecer, de outro ciúme, daquele que te pega de surpresa, quando vc se dá conta que gosta de alguém que já tem alguém. Esse não é injustificado mas é inútil, só te faz sofrer e não muda em nada a situação. Conheço alguém que passa por esse ciúme e percebo que não é nada bom.

Beijos amiga!